Memórias da Infância e Juventude de minha avó Anilva
Minha infância inteira eu vivi na Palugana. Na rua, na calçada de
nossa casa, havia uma banca, e quando já era noitezinha,os pais da vizinhança
sentavam-se lá, para conversar, tomar chimarrão, enquanto cuidavam os filhos
brincarem na rua.
Tudo era muito calmo, a
estrada era de chão e não haviam muitos carros, então podíamos brincar a
vontade, além de que éramos um grupo bem grande de crianças.
Brincamos muito de Caracol (amarelinha), esconde-esconde,
pega-pega, além de que na antiga oficina, duas casas depois da minha, antes era
banhado, então e nós entravamos lá para brincar, para se atolar. E depois que
chovia, o banhado enchia e nós podíamos entrar na água. Eu e minha irmã levávamos
nossas bonequinhas de porcelana e pegávamos as latas de sardinha que minha mãe
ia por fora para fazer de barquinho, passeávamos com as bonecas de barco pelo
banhado.
Depois mais tarde transferiram 3 geradores do lado do banhado e um
dia um menino que morava em cima daquele morro deixou a bola cair, então desceu
para busca-lá, porém ele morreu eletrocutado. Eu lembro que ao redor daqueles
geradores não tinha nenhuma proteção, só tinha um fio de arame farpado ao
redor, mais nada, imagina o perigo para nós que não sabíamos.
Quando já estava no Normal, a escola Divino Mestre (São Luiz) vinha
ensaia a banda no Regina e nós marchávamos, então tínhamos que ensaiar, porém
no mês de setembro era frio e tinha bastante vendo, então nós segurava-mos as
saias para o vento não levantar para os meninos não darem risada das nossas
caras porque usávamos aquelas bombachinhas até o joelho, mas as freiras ficavam
bravas e nos mandavam soltar as saias, tanto que tinha-mos que marchar com as
mãos também, envolvia o corpo todo.
Quando acabava a aula, nós do Regina e os meninos do Divino Mestre íamos
na praça, para nos encontrar e namoricar. Eu comecei a namorar Ilírio com 15
anos, mas os namoros não eram como agora que os namorados se trancam no quarto,
namoram sozinhos, na minha época os namorados nem entravam dentro das casa. E
eu lembro como se fosse hoje, o Ilírio passava de téco-téco em cima da minha
casa e fazia voltas e voltas e giros, e minha mãe pedia em italiano “quem é
este louco ali” e eu ficava bem quieta e loca de feliz.
Nós também íamos ao Matine que era lá no clube, encontrar os
amigos. E íamos ao cinema, nos domingos, na segunda não íamos porque era
reprise e durante a semana íamos quase sempre, só não íamos se estávamos sem
dinheiro.