terça-feira, 12 de agosto de 2014

 Memórias de meus avós Valdomiro e Jurema Fabi


        Nós, adolescentes, vivemos em um mundo em que conseguimos tudo de “mão beijada”, que não precisamos nos “esforçar” tanto para conquistar algumas coisas,... Só que nem sempre foi assim, aliás, não é assim. E eu, neste pequeno momento, irei relatar a história de vida de meus avós; Jurema e Valdomiro Fabi, que mais do que ninguém, sabem o que é passar por grandes dificuldades para simplesmente ter um prato de comida na mesa.


         Primeiramente irei relatar um pouco da trajetória de meu avô. Nascido em Veranópolis e criado em Santa Catarina, Valdomiro Fabi sempre soube o que é precisar trabalhar desde pequeno, passando por inúmeras dificuldades.
  

         No momento em que chegaram a Santa Catarina, toda família deparou-se com inúmeros afazeres e serviços pesados. Foram então, a procura de materiais de fácil acesso (madeiras, taipas...), para fazer a construção de sua moradia.


         No decorrer de suas vidas naquele local, passaram por inúmeras necessidades. A alimentação era extremamente difícil, um litro de leite deveria servir para todos, ou seja, doze pessoas. Alimentavam-se de erva-mate, caça de animais selvagens, e quando “davam sorte”, conseguiam comer polenta e pão torrado na brasa.


         Assim foram crescendo, como conseguiam. Porém, infelizmente, doenças se alastraram por toda parte, onde os mesmos residiam. Sua irmã, a mais nova, de cinco anos na época, faleceu com uma doença acarretada devido às más condições de alimentação, água imprópria para consumo e falta de higiene, devido a pouca renda familiar.



         Todos muito tristes tiveram que continuar suas vidas. Com o tempo, a cidadezinha de Guaraciaba foi crescendo e eles puderam estudar e melhorar um pouco de vida. Entretanto, outra tragédia cai sobre a família. Sua outra irmã, de dezoito anos na época, também falece; começando com anemia, acarretando uma doença muito grave: Leucemia.



         Meu avô trabalhou desde os dez anos de idade. Estudou muito pouco, mais precisamente até a quarta série. Assim, no serviço pesado, trabalhou até os trinta anos, já estando casado, com sua atual esposa, minha avó; Jurema Gasparin.

         Jurema. Minha avó, nascida e criada na comunidade do Pedancino, Veranópolis, não teve uma vida tão difícil, se comparada a de meu avô. Pôde estudar até a sexta série, e comida, casa e água, nunca lhe faltaram.

         Trabalhou, também, desde os dez anos, no serviço pesado. Quando estudava, passava a levar as sobra de comida da escola, para quem trabalhava na roça. 

          Ela, juntamente com seus pais, possuía meio de transporte da época; o cavalo, conseguindo assim, ir até “o centro da cidade”. Fazendo curso de costura três vezes por semana, no Círculo Operário de Veranópolis.


         Com vinte e um anos, conheceu meu avô, Valdomiro Fabi (que havia retornado para Veranópolis aos 22 anos). Namoraram por um ano via carta e no dia dezenove de fevereiro de 1966, casaram-se na Igreja São Luiz Gonzaga. Viajaram para Santa Catarina, novamente, dois dias depois do casamento.



         Moraram com meus bisavós durante cinco anos, tendo três filhos: Ângela, Clóvis e Clemar, meu pai. Trabalharam sempre no serviço pesado, cansaram. Decidiram então, voltar para Veranópolis, em busca de uma vida melhor, devido ao crescimento da família. Até adquirirem estabilidade familiar aqui em Veranópolis, moraram com uma irmã de minha avó. Minha avó veio para cá, grávida e infelizmente pariu seu filho Claudiomar, morto.



         Cerca de dois anos depois, Valdomiro e Jurema, tiveram mais três filhos: Diane, Crisnando e a caçula, nove anos depois, minha avó já possuindo quarenta anos de idade; Oana. Depois do nascimento de minha tia, a “safra secou” e eles criaram os seis filhos com muito amor e carinho, procurando nunca deixar faltar nada.

         Eu fui a primeira neta dos dois e a mais “cocolada”. Hoje meu avô possui setenta e um anos e minha avó, setenta. Agora já somos em sete netos e uma bisneta.

         Com eles é só alegria. Falta apenas um ano e meio para meus avós completarem cinquenta anos de casados. Cinquenta anos de muito amor, cumplicidade e companheirismo. 

      
           




"Cada ruga representa uma história. E são tantas... Quantas experiências... Quantas histórias para contar... Quantos conselhos para dar... Quanta paciência para me aturar. Esqueceram-se de suas vidas para viver em função da minha. Sempre cheios de atenção, de carinho, de amor. Vocês são o meio termo... O equilíbrio... A palavra de esperança, o colo que acolhe, o ombro, que apesar de cansado, apoia. Vocês são tudo de bom e de belo. Meus avós queridos, tenho o maior orgulho de ser sua neta! Neta dessas duas grandes pessoas!"



                                       - Charline Zaccaria Fabi.





Nenhum comentário:

Postar um comentário